A evolução tecnológica e o amplo acesso a internet trouxeram diversos avanços para a sociedade, mas também trouxeram novos comportamentos e perigos.  O número de crimes e abusos cometidos através da internet vem avançando e a incidência de casos envolvendo crianças e adolescentes é preocupante e acende um alerta importante sobre como eles estão sendo educados acerca da utilização do ambiente online. Um estudo realizado pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) apontou que 80% das crianças e adolescentes brasileiros usam a internet ou possuem perfil nas redes sociais.  Nesse contexto, a Educação e Cidadania Digital são fundamentais para a proteção pessoal e a disseminação de um comportamento adequado na rede mundial de computadores.

A coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II, Suellen Bortoleto, informa que os professores do Colégio CB COC São Roque estão atentos aos sinais de riscos pessoais, sociais e digitais que eventualmente os alunos possam apresentar. Especialmente com as chamadas “brincadeiras perigosas”, jogos e desafios que despertam a curiosidade dos jovens e os deixam vulneráveis a riscos e prejuízos físicos e psicológicos. “Os professores estão atentos e orientados a fazerem uma reflexão sobre estes assuntos seja através de trabalhos transversais com o conteúdo dentro da sala de aula ou pontualmente quando necessário”. Suellen também informou que está em andamento a elaboração de um projeto pedagógico especifico sobre Educação Digital.

Um exemplo prático dessa conduta são as aulas da professora de português Susi Margareth. Paralelamente ao conteúdo didático a professora trabalha quinzenalmente assuntos polêmicos e atuais através de textos, músicas ou poemas. Susi explica que inicialmente o assunto é abordado através de pesquisas dirigidas ou textos selecionados pela professora. Posteriormente é realizado um trabalho ou até mesmo prova sobre o assunto e finalmente um debate coletivo. Os últimos assuntos trabalhados em sala de aula foram: o caso do goleiro Bruno, que apesar de condenado por assassinato foi solto e tratado como ídolo por um grupo de pessoas; o Jogo da Baleia Azul, desafios disseminados pela internet que envolvem automutilação e atividades arriscadas em geral e a discussão sobre apropriação cultural após uma menina branca ser hostilizada por estar usando um turbante. Todos amplamente comentados e com várias repercussões no meio digital. “A escola tem o papel de promover a integração social dos adolescentes, e o professor tem que fazer o debate e ser o mediador. É preciso trazer os temas da atualidade, do momento para que sejam debatidos da maneira adequada e que acabam levando a outros questionamentos como justiça e direitos humanos”, ressaltou a professora. “Além de importante para a construção individual do perfil de cada um, eles gostam dos debates porque a geração atual tem muita informação, mas não tem foco”, finalizou.

Vale ressaltar que a Lei n12.965 de 2014, o marco civil da internet no artigo 29°, explicita a necessidade do controle e vigilância parental e a educação digital, como formas de proteção frente às mudanças tecnológicas. Para auxiliar nessa nova tarefa existem softwares de controle dos pais que auxiliam na segurança das crianças e adolescentes. Outro ponto que deve ser destacado é o compartilhamento responsável. Em tempos de realidade virtual a construção da identidade virtual acaba sendo baseada no comportamento neste ambiente. Adolescentes precisam estar conscientes de que tudo que curtem, compartilham, comentam ou postam diz um pouquinho sobre a personalidade de cada um. E que serão responsabilizados sobre isso.